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A Difilobotríase: uma doença parasitária emergente no Brasil

03 setembro 2005.


A difilobotríase ocorre há muito tempo na América do Sul. Ovos da espécie Diphyllobothrium pacificum foram detectados em coprólitos de múmias Chinchorro do Chile, com idade estimada de 4.000 a 5.000 anos.

Ao adotar o hábito inca de comer peixe, os nativos adquiriram também um verme antes inexistente no local: o cestódio Diphyllobotrium pacificum, contraído pela ingestão de pescado mal cozido.

Diphyllobothrium latum, têm sido descritos na Europa, Ásia, América do Norte. Na América do Sul já foram descritos casos autóctones no Peru, Chile e Argentina, mas não havia relatos de casos autóctones no Brasil.

A difilobotríase é uma doença comum em áreas com hábito alimentar de ingestão de peixes crus ou mal-cozidos ocorrendo na América do Sul registro de casos de difilobotríase veiculada por peixes de água doce (Diphyllobothrium latum) ou de água salgada (Diphyllobothrium pacificum), tendo sido notificados casos recentes no estado de São Paulo, atribuído a ingestão de salmão crú.

Embora o salmão seja a espécie mais comum de transmissão, não é a única. O controle da parasitose é praticamente impossível, razão pela qual as ações preventivas em diversos países (União Européia, Estados Unidos, Japão Noruega, entre outros) resumem-se a alterações nos hábitos de preparo para o consumo, como a obrigatoriedade do congelamento por determinado período do peixe que será consumido cru ou mal cozido.

O Ministério da Saúde esclarecem que os 27 casos de parasitose intestinal (difilobotríase) registrados em São Paulo entre março de 2004 a março de 2005 estão associados à ingestão de peixes crus ou mal cozidos, consumidos em restaurantes japoneses ou outros que servem a culinária japonesa.

A difilibotríase é causada pelo verme cestódeo Diphyllobothrium latum, da mesma classe da Tênia (solitária). Maior parasita entre os cestódeos, pode atingir 15 metros de comprimento.

No Estado de São Paulo e no Brasil não havia registro de casos autóctones até o ano de 2003. Notificações recentes feitas por laboratórios particulares e públicos, serviços médicos e pacientes à DDTHA/CVE-SES/SP (Comunicado Conjunto CVS/CVE nº 01 /2005 - retificado em 11 de abril de 2005 e publicado em D.O.E. de 12 de abril de 2005), mostram a existência de 27 casos autóctones ocorridos no município de São Paulo, no período de março de 2004 a março de 2005, associados à ingestão de sushis e sashimis, em restaurantes com culinária japonesa, sendo o salmão importado o principal alimento suspeito.

O que é Difilobotríase?
É uma doença intestinal de longa duração, causada por um parasita, Diphyllobothrium ssp., a tênia do peixe, causadora da difilobotriose, difilobotríase ou esparganose que pode persistir no intestino humano por mais de 10 anos, instalando-se no intestino delgado e podendo atingir até 10 ou 15 metros de comprimento. Assim, o agente causal é um cestódio (platelminto em forma de fita), sendo conhecido como um dos maiores parasitas intestinais do homem e como "a tênia do peixe". Diversas espécies de Diphyllobothrium são conhecidas por infestar seres humanos, porém o D. latum é dos mais freqüentes. Outros como D. pacificum, D. cordatum, D. ursi, D. dendriticum, D. lanceolatum, D. dallia, e D. yonagoensi são menos freqüentes. Na América do Sul os casos estão restritos a duas espécies: o D. pacificum e D. latum, sendo esta a mais prevalente.

Como identificar o peixe contaminado?
A larva em peixes infestados não é visível a olho nu.

Quais são os sintomas?
A maioria das infecções é assintomática. Nas infecções sintomáticas apresenta-se um quadro de dor e desconforto abdominal, flatulência, diarréia, vômito e perda de peso, podendo ocorrer anemia megaloblástica por carência de vitamina B12. Infecções severas podem resultar em obstrução intestinal ou do duto biliar.
Como as pessoas se contaminam?
Não há transmissão direta pessoa-a-pessoa. Hospedeiros definitivos eliminam os ovos no meio ambiente enquanto abrigarem tênia no intestino e a contaminação se faz através da ingestão de peixes crus, defumados em temperatura inadequada ou mal cozidos. A infecção humana ocorre quando são consumidos peixes crus, defumados em temperatura inadequada ou mal cozidos que contém a larva infectante.

Ciclo Vital

O ciclo vital do parasita envolve dois hospedeiros intermediários: o primeiro é um pequeno crustáceo do plâncton (copépode) e o segundo é uma espécie de peixe de água doce ou anádromo (peixes que migram da água salgada à água doce para procriar). No homem, o verme adulto se localiza no jejuno, e mede entre 3 a 15 metros de comprimento (é o maior cestódio que pode parasitar o homem), com mais de 3.000 proglotes. O Diphyllobotrium spp instalado no intestino delgado, ataca a mucosa. Ovos são liberados pelos proglotes (anéis grávidos) e eliminados nas fezes do hospedeiro.
Os ovos, na água limpa, liberam coracídios que são ingeridos por pequenos artrópodes, os copépodes. Os coracídios, após ingeridos por crustáceos (Cyclops e Diaptomus), transformam-se em larvas procercóides. Os peixes ingerem este crustáceo que contêm a larva, onde esta migra para os músculos do peixe, desenvolvendo-se larvas plerocercóides.

A transmissão pode ocorrer, quando um peixe de maior tamanho se alimenta de um peixe de menor tamanho contaminado. A infestação em seres humanos ocorre quando são ingeridos peixes crus ou mal cozidos que contêm a larva infectante (plerocercóide ou espargano) e no intestino do homem atinge o estágio adulto. Outros mamíferos e aves, podem ser infestados.

Revisando alguns detalhes, os ovos imaturos são liberados através das fezes. Em condições apropriadas, os ovos se desenvolvem (em aproximadamente 18 a 20 dias) até o estágio de “coracídio” na água.

Após a ingestão por um “copépode”, o “coracídio” se desenvolve em larva “procercóide”. Este crustáceo é ingerido por pequenos peixes. A larva “procercóide” é liberada do crustáceo e migra para a musculatura do peixe onde se desenvolve em larva “plerocercóide” ou espargano que é o estágio de infestação para seres humanos. Como os seres humanos geralmente não ingerem pequenos peixes crus ou mal-cozidos, estes não representam importante fonte de infestação. Entretanto, os pequenos peixes podem ser ingeridos por espécies de peixes maiores e predadores. Nestes casos, a larva “plerocercóide” pode migrar para a musculatura do peixe predador e os seres humanos se infestam pelo consumo do peixe cru ou mal cozido. Após a ingestão, a larva “plerocercóide” se desenvolve em verme adulto imaturo, localizando-se no intestino delgado. Os vermes adultos do D. latum aderem à mucosa intestinal.


Como detectar a doença?
Pelo exame de fezes. O diagnóstico laboratorial da difilobotríase é realizado por microscopia. O procedimento laboratorial de escolha para confirmação diagnóstica é o EPF- exame parasitológico de fezes colhido em única amostra para pesquisa e identificação de ovos e proglotes do parasita. Os ovos podem ser observados nas fezes, cinco a seis semanas após a infestação.

Medidas preventivas.
O pescado deve ser submetido ao congelado prévio à temperatura de – 20 ° C, por sete dias, se for consumido cru. O congelamento é uma prática importante, pois inativa o parasita. É recomendável a leitura dos Manuais dos refrigeradores e freezers, no sentido de verificar se os mesmos atingem a temperatura adequada. Outra medida de prevenção é o cozimento completo de peixes e mariscos a 60ºC por 10 minutos.A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) considerando a necessidade de orientação aos serviços de alimentação e aos consumidores recomenda que: 1.



O consumo de pescados crus ou mal cozidos deve ser evitado;2. Os pratos preparados ou que contenham peixe cru ou mal cozido deve ser precedido de congelamento do pescado em pelo menos -20ºC (menos vinte centígrados) por um período mínimo de 7 dias ou menos -35ºC (menos trinta e cinco centígrados) por um período de no mínimo 15 horas, condição suficiente para matar o transmissor. Referências para essas recomendações podem ser obtidas nesses sítios eletrônicos: (http://www.cfsan.fda.gov/~mow/chap26.html) (http://www.cfsan.fda.gov/~mow/chap25.html).3. Nos restaurantes onde são servidos pratos que contenham peixes crus ou mal cozidos, os proprietários devem garantir o mesmo procedimento de congelamento referido no item anterior antes de servi-lo ao consumidor.Por fim, informa que os pescados submetidos à cocção (cozer, fritar ou assar) não trazem risco para o consumidor.


E a população, como pode se prevenir?
Adotando o procedimento de ingerir esses produtos bem cozidos ou assados. A melhor prevenção se faz dando destino higiênico aos resíduos humanos, inspeção do pescado e congelamento adequado dos peixes nos frigoríficos. Pratos preparados que contenham peixe cru ou mal cozido devem ser precedidos de congelamento do pescado em pelo menos –20ºC por um período mínimo de 7 dias, ou menos – 35º por um período mínimo de 15 horas, condição suficiente para matar o transmissor.


Sistematica:
Filo Plathyhelminthes, Classe Cestoda, Ordem Pseudophyllidea, Família Diphyllobothriidae
Diphyllobothrium spp.


Fonte: www.marcobueno.net

 
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